sábado, 9 de junho de 2012

Coração

Será que ainda posso enlouquecer?
Será que ainda tenho esse direito?
Por que não? Se ainda acho o vazio mais torturante que essa tempestade?
Seria conveniente demais?
Seria absurdo se eu seguisse o que sinto?
Seria certo? Existe o certo?
Sempre me cai bem deixar o coração remoído, doido pela paz que nunca conheci.
Quando nulo, ele deseja sentir. Quando repleto, deseja se anular.
Se há sentido eu não sei, mas consigo gostar mais do sentir do que do vazio.
Me sinto inútil quando vazio.
Faço alguma coisa que não compreendo nesse mundo. Só faço, não entendo.
Mas dizem que faço bem. E no final, dá certo. Sem clichê.
Não sei esperar. Só tenho o dom de ter que sempre aprender a ter paciência. E aprendo. E tenho.
Tenho também vontade de sumir, de me esquecer.
Isso virá na hora certa. Até isso terei que esperar.
Tem dias que tomo gosto pela minha insensatez, me sinto até meio mártir, meio herói pessoal.
Mas logo entendo que sou só idiota mesmo. Um idiota que prefere sentir.
Que seja. Serei então um idiota, dá mais sentido assim.
Meu sorriso nada calmo e meus desejos se apagam com o tempo, se esse for o caso.
O que fica sempre é o que eu escolho manter ou o que foi fundo demais pra poder esquecer. Como um olhar. Penetrante, dominante, avassalador.
A mim cabem apenas as ondas. Mastigar sentimentos, engolindo o amargo e o doce sem direito de escolha. Sem desejo de escolha.


(( inspiração: noite em claro ))

Nenhum comentário:

Postar um comentário