quarta-feira, 3 de julho de 2013

Bom

O problema é ver apenas partes e não ter noção do todo. O problema é ter dois pesos e duas medidas. O problema é o egoismo a níveis catastróficos e enraizados a ponto de parecer normal. Se está bom só pra você, se em nada contribui para a comunidade (ou para além dela), significa que alguma coisa está errada. O que é realmente bom e justo quase nunca atinge apenas uma pessoa. O que é bom é notório e qualquer ser reconhece, em essência e fato.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Nostalgia e violão.

Época boa mesmo era aquela que a galera se juntava na praça e os violões vibravam as músicas de Legião Urbana, Skank, Paralamas do Sucesso, Cazuza, Leoni, Kid Abelha e tantas outras maravilhas nacionais e internacionais. Quando ficávamos cantando e conversando sobre fosse lá o que fosse até mais de onze horas sem preocupações, sem medos, só boa música e filosofias baratas. Ou só ficamos em casa e cantávamos na sala ou num dos quartos ou até mesmo na cozinha. Amigos e família. Época onde as conversas eram conversadas e não digitadas. Me sinto velho e, por isso, muito feliz.


(( inspiração: ))

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vinho do porto, estrelas, explosões e existências.

Depois de uma boa dose de vinho do porto, ele pôs uma boa música pra tocar no radinho a pilha e ficou olhando pela janela. Era noite e a energia tinha faltado por causa de um desses fatores cósmicos e inexplicáveis como acidentes envolvendo pessoas embriagadas ou raios que caem do "sabe-lá-Deus-onde". Não havia lua, mas muitas estrelas se mostravam bem vivas e exibidas. Cada uma embelezando o seu próprio "sabe-se-lá-quantos-anos-luz". O fato era que ele sabia que elas explodiam e destruíam, mesmo assim eram lindas. Daí a pergunta: porque tantas coisas tão boas nascem da destruição? Explodir é realmente assim tão necessário para que se crie tanta beleza? Pareceu-lhe que toda natureza, terrestre ou extraordinária, nascia de algum evento explosivo, muitas vezes desastroso ou quase. Ora, por que essas premissas seriam falsas? Nós mesmo nascemos de explosões e escrevemos nossa História  a partir delas. Cada passo evolutivo, natural ou humano, nasceu de uma explosão. Seja de fúria, seja de um vulcão, seja de uma partícula minúscula extremamente densa a ponto de não suportar a si própria. As grandes conquistas da humanidade nasceram de forma semelhante. Seriam então as explosões nosso alfa e o nosso ômega?  Nosso "por que diabos"? A razão de existir seria explodir? Seria a própria existência dependente de uma centelha e umas gotas de combustível comprimido? Seriam nossas respostas as explosões? Ou as perguntas? Mas aí ele percebe um erro grotesco em seu raciocínio. E esse erro não foi exposto pelo brilho de uma estrela, nem pelos vaga-lumes que dançam no quintal, menos ainda das explosões naturais, humanas, químicas ou de qualquer outra espécie. O equívoco vem do simples fato de que se são as explosões que fazem o Tudo andar, por que então todas essas perguntas vieram quando ele estava apenas descansando? Isto é, na primeira puxada de fio que desenrolou o novelo de seu pensamento não havia sequer uma explosão em questão, ele apenas existia e contemplava outras existências. Não que explodir de vez em quando não seja necessário, a questão é que consequências e causas podem dançar e ludibriar com facilidade quem as procura (com retidão ou não) e até quem não procura (acredito que no segundo caso o perigo é deveras maior). De modo que a conclusão é simples e, agora, óbvia: não existimos porque explodimos, ao contrário, explodimos porque existimos. E tal fato é de força tão extrema que ainda que explodamos, continuamos existindo, e com mais força (na maior parte das vezes, claro). O que gera um ciclo quase vicioso, tanto pelo prazer quanto pela necessidade, mas essa é uma história para outra noite, outra taça de vinho do porto, outra boa música e outras (ou talvez as mesmas) estrelas. E quem sabe na próxima tenha uma linda lua pra melhorar?


(( inspiração: qualquer que seja, não sei. Acho que tudo... ))

terça-feira, 16 de abril de 2013

25 anos


Nós e nossas metas e metades
Não sabemos que caminho pegar
Se o lucro é mais lucro
Ou se é a vontade de chegar.

Nós e nossas medias e medidas
Não fazemos questão de achar
Sequer de procurar
Se assim tá bom, então tá.

Nossos métodos e saídas
Nossos méritos imortais (ou imorais?)
E nossas crenças de crianças
Nunca foram tão mortas e imorais (ou essas seriam as imortais?)

Nossas políticas de fim de tarde,
nossos sussurros (ou surtos?) de protesto
nossos posts de desespero
Nosso "I give her all my love. That's all I do."
Nunca foi tão "drop dead, I don't care, I won't worry. Let it go"



(( inspiração: ... ))

sábado, 9 de junho de 2012

Coração

Será que ainda posso enlouquecer?
Será que ainda tenho esse direito?
Por que não? Se ainda acho o vazio mais torturante que essa tempestade?
Seria conveniente demais?
Seria absurdo se eu seguisse o que sinto?
Seria certo? Existe o certo?
Sempre me cai bem deixar o coração remoído, doido pela paz que nunca conheci.
Quando nulo, ele deseja sentir. Quando repleto, deseja se anular.
Se há sentido eu não sei, mas consigo gostar mais do sentir do que do vazio.
Me sinto inútil quando vazio.
Faço alguma coisa que não compreendo nesse mundo. Só faço, não entendo.
Mas dizem que faço bem. E no final, dá certo. Sem clichê.
Não sei esperar. Só tenho o dom de ter que sempre aprender a ter paciência. E aprendo. E tenho.
Tenho também vontade de sumir, de me esquecer.
Isso virá na hora certa. Até isso terei que esperar.
Tem dias que tomo gosto pela minha insensatez, me sinto até meio mártir, meio herói pessoal.
Mas logo entendo que sou só idiota mesmo. Um idiota que prefere sentir.
Que seja. Serei então um idiota, dá mais sentido assim.
Meu sorriso nada calmo e meus desejos se apagam com o tempo, se esse for o caso.
O que fica sempre é o que eu escolho manter ou o que foi fundo demais pra poder esquecer. Como um olhar. Penetrante, dominante, avassalador.
A mim cabem apenas as ondas. Mastigar sentimentos, engolindo o amargo e o doce sem direito de escolha. Sem desejo de escolha.


(( inspiração: noite em claro ))