sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vinho do porto, estrelas, explosões e existências.

Depois de uma boa dose de vinho do porto, ele pôs uma boa música pra tocar no radinho a pilha e ficou olhando pela janela. Era noite e a energia tinha faltado por causa de um desses fatores cósmicos e inexplicáveis como acidentes envolvendo pessoas embriagadas ou raios que caem do "sabe-lá-Deus-onde". Não havia lua, mas muitas estrelas se mostravam bem vivas e exibidas. Cada uma embelezando o seu próprio "sabe-se-lá-quantos-anos-luz". O fato era que ele sabia que elas explodiam e destruíam, mesmo assim eram lindas. Daí a pergunta: porque tantas coisas tão boas nascem da destruição? Explodir é realmente assim tão necessário para que se crie tanta beleza? Pareceu-lhe que toda natureza, terrestre ou extraordinária, nascia de algum evento explosivo, muitas vezes desastroso ou quase. Ora, por que essas premissas seriam falsas? Nós mesmo nascemos de explosões e escrevemos nossa História  a partir delas. Cada passo evolutivo, natural ou humano, nasceu de uma explosão. Seja de fúria, seja de um vulcão, seja de uma partícula minúscula extremamente densa a ponto de não suportar a si própria. As grandes conquistas da humanidade nasceram de forma semelhante. Seriam então as explosões nosso alfa e o nosso ômega?  Nosso "por que diabos"? A razão de existir seria explodir? Seria a própria existência dependente de uma centelha e umas gotas de combustível comprimido? Seriam nossas respostas as explosões? Ou as perguntas? Mas aí ele percebe um erro grotesco em seu raciocínio. E esse erro não foi exposto pelo brilho de uma estrela, nem pelos vaga-lumes que dançam no quintal, menos ainda das explosões naturais, humanas, químicas ou de qualquer outra espécie. O equívoco vem do simples fato de que se são as explosões que fazem o Tudo andar, por que então todas essas perguntas vieram quando ele estava apenas descansando? Isto é, na primeira puxada de fio que desenrolou o novelo de seu pensamento não havia sequer uma explosão em questão, ele apenas existia e contemplava outras existências. Não que explodir de vez em quando não seja necessário, a questão é que consequências e causas podem dançar e ludibriar com facilidade quem as procura (com retidão ou não) e até quem não procura (acredito que no segundo caso o perigo é deveras maior). De modo que a conclusão é simples e, agora, óbvia: não existimos porque explodimos, ao contrário, explodimos porque existimos. E tal fato é de força tão extrema que ainda que explodamos, continuamos existindo, e com mais força (na maior parte das vezes, claro). O que gera um ciclo quase vicioso, tanto pelo prazer quanto pela necessidade, mas essa é uma história para outra noite, outra taça de vinho do porto, outra boa música e outras (ou talvez as mesmas) estrelas. E quem sabe na próxima tenha uma linda lua pra melhorar?


(( inspiração: qualquer que seja, não sei. Acho que tudo... ))

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